Gerhard Bohne*
Dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA) apontam que até o dia 31 de dezembro de 2017 constam inscritos mais de 4,7 milhões de imóveis rurais no Cadastro Ambiental Rural (CAR), equivalente a uma área superior a 431 milhões de hectares inseridos no sistema. Os estados das regiões Sul, Sudeste e Norte já atingiram 100% de área cadastrada, enquanto no Centro-Oeste são 96,5% e no Nordeste, 87,2%.
A inscrição no CAR é um registro eletrônico para imóveis rurais que constrói uma base de dados a fim de controlar e combater o desmatamento de florestas e vegetações nativas. Além disso, é possível entendê-lo como indicativo de planejamento socioambiental e econômico, à medida que analisa a relação da comunidade com a área e pretende garantir a viabilidade financeira da propriedade por meio de práticas lícitas.
Os números do MMA, portanto, nos deixam uma mensagem: o produtor rural está interessado em manter os negócios de maneira legal, e ele compreende que a conservação do meio ambiente, o respeito aos aspectos sociais e a questão financeira caminham juntos e trazem uma visão holística do campo, sendo estas preocupações constantes.
Em progresso, o equilíbrio socioambiental pode ser observado nos campos, por exemplo, na busca por certificações internacionais que comprovem a sustentabilidade do negócio. Em 2016, 790 mil hectares de lavoura de soja foram certificados no Brasil, de acordo com a Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS, na sigla em inglês) e, atualmente, o País representa 70% do total certificado no mundo.
Esses dados nos levam a afirmar que o Brasil está procurando não só garantir o mercado que já tem, como também expandir a novos consumidores por meio de boas práticas, assumindo uma era de inovação em que o agronegócio não é mais pensado apenas da porteira para dentro, mas sim como uma grande rede que conecta diferentes elos e considera, inclusive, a vida urbana um fator para o planejamento da safra.
E se as propriedades estão assumindo uma nova identidade, o produtor rural está consciente do papel que precisa desempenhar. É por isso que campanhas para o uso de Equipamentos de Proteção Individual se intensificam e têm apoio de instituições como o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF).
Ao olhar para este novo perfil de propriedades rurais que começa a se expandir, é possível enxergar três pilares que norteiam a forma de negócio contemporânea: econômico, social e ambiental. Investir nestes três preceitos demanda dedicação, ao mesmo tempo em que a produtividade e o planejamento da safra não podem parar.
Para incentivar os agricultores a produzirem mais tendo esse conceito de sustentabilidade como orientação, a Bayer lançou a iniciativa global Bayer ForwardFarming, que promove a agricultura sustentável em propriedades rurais, contribuindo para o objetivo de alimentar a população mundial, que será de quase 10 bilhões de pessoas em 2050, de acordo com estimativas da ONU.
Já existem ForwardFarms implementadas em países como Bélgica, França, Alemanha, Holanda, Itália, Chile e Argentina e em novembro de 2017 foi inaugurada a primeira no Brasil, na fazenda Nossa Senhora Aparecida, localizada a cerca de 150 km de Brasília.
A chegada da primeira ForwardFarm no Brasil reforça o fato de o País ser um dos principais produtores agrícolas do mundo, enfatizando a era da inovação nas lavouras brasileiras e a potencialidade de se fazer mais e melhor com os mesmos recursos e de forma responsável.
*Gerhard Bohne é COO da divisão Crop Science da Bayer no Brasil.